Estranhos que visitaram

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Au revoir!


Me sinto suja de novo. Tua pele tocou a minha e a sensação me amedronta a todo o momento. Eu gostaria de ver você partindo, seria minha liberdade triste, mas seria a minha liberdade. Você não vai melhorar meu dia e essa doença está me machucando, me matando aos “muitos”. Faço orações, jogo oferendas, danço em frente a fogueiras, mas você não para. Você não sossega enquanto não me vê chorar. Começo a sentir o odor das suas palavras, esse é você. Eu peço pra que você me deixe viver, peço minha vida de volta, peço para ter um momento feliz antes de você acabar comigo. Me deixe um dia sem você. Minha família não se importaria, mas peça o quanto quiser pelo resgate. Não me ligue, não tente conversar comigo, não tente saber o que foi. Por favor, não olhe pra mim quando me encontrar. Finja nunca ter me conhecido, nem nunca tente uma aproximação ao franzir a testa. Eu te leio, eu te rabisco. Rascunho. Lembrarei do teu perfume barato num ônibus, num consultório médico, lembrarei de você às vezes. Mas quero você longe. Vai logo, me ajuda a viver. Essa dor consumidora me faz lembrar dos meus dedos e os arranhões que deixei em tuas costas, as feridas que você fez no meu peito. Sua voz ecoa na escuridão da minha vida. Sai da minha vida e recupera uma nação, um lar. Já troquei as fechaduras da casa e do meu coração. Au revoir!