Estranhos que visitaram

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Decreto.

Arg! Que raiva dessa fantasia! Pode parar pele de ficar se arrepiando, pode parar cabeça de ficar viajando. Eu não quero esse tipo de coisa. Isso me irrita, isso vai me machucar. Sinto informar: isso não existe! Ele não é o que eu sonhei, nem eu sou o que ele sonha. Eu estou lúcida, estou aqui sozinha, por isso, acho melhor ligar e acabar com essa palhaçada por telefone mesmo. Melhor para mim, claro, com a vida que eu levo, preciso selecionar bem os problemas que vou ter que enfrentar. E, definitivamente, eu não tenho forças para lutar contra o amor, por isso, tô correndo. Vai ser o papinho de sempre, o lero-lero que deixa dúvidas, mas dá certo. Vou dizer que podemos ser amigos, mas não agora, daqui a dois meses ou nunca mais, quem sabe? Eu gosto do sereno, ele é um carnaval. Não vai dar certo nunca. E eu não tô preparada para o vício do amor, todo vício machuca e todo viciado insiste em correr atrás. Tô ficando sozinha. É, pra ele, eu sou covarde. Não quero arriscar, não quero aventuras, nem quero ficar com ele. Quero, assumo. Mas a paz de uma vida cômoda me faz deixá-lo ir. Não quero julgamento. A vida é minha, posso me arrepender, mas nem só de amor viver uma mulher. Morri.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Murilo.



Planos mirabolantes, hipóteses idiotas. Eu quero saber se você ta na minha, se eu to fantasiando, se é brincadeira, se você vai se entregar. Quanto a mim? Puff! Já mergulhei. Olha, é muito simples. Eu só quero que você me ligue, que diga que sente saudades.

Que quando a gente tiver na rua, você pegue na minha mão daquele jeito que só os casais que se amam de verdade sabem fazer. Aí, eu vou te olhar com os olhos mais felizes e sorridentes que sei lançar.

Nesse tempo que o amor guarda pra gente, eu vou dizer que a lua é tua, na verdade, tudo será teu. Adivinha quem é o dono do meu coração? Arrume um jeito sutil para que eu saiba que você escolheu uma música pra gente, e me ensina a ter a tua calma.

Guardei todos os bilhetes e, no momento certo, vou te dizer as três palavras que raramente reproduzi, mas que constantemente me vem na cabeça quando eu te vejo. Calma... Vou terminar de escrever, mas é que eu tô pensando tanto em você e isso é sagrado.

Preciso parar o que eu estou fazendo, abrir a boca com um sorriso besta, olhar pra longe e me dirigir aos momentos lindos. A satisfação que eu sinto quando eu tô com você é impagável, eu vou contar e cantar isso, sempre! Meu Deus, você é lindo.

É lindo quando fala, quando sorri, quando canta errado o seu inglês dos tempos de colégio, quando escreve faltando um r. A mais bela obra, me sinto sortuda por poder pensar que você pode ser meu. Eu sei que vai.

Tô aqui passando o tempo, tentando colocar em palavras aquela sensação de chocolate, frio, calor, flores, perfume, cócegas e alegria escandalosa que o amor proporciona. Isso é impossível, eu sei. Quando, estou quieta, vem um lapso e me lembra teu nome: e toda a agonia recomeça. Que essa agonia nunca me abandone.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Pas sans toi



Acordei no meio da madrugada num pulo que tirou meu coração do lugar, ele foi para a garganta, com certeza. Tirei toda a roupa das gavetas, rasguei meus livros, quebrei porta-retratos, levantei o colchão, limpei o suor da minha testa. Ofeguei, ofeguei e voltei à procura. Fui seguindo o cheiro, havia bem pouco ali, mas eu podia sentir o cheiro do que eu procurava.

Quebrei a TV, liguei todas as luzes e abri todas as torneiras. Acendi o fogão, fiz tudo funcionar, coloquei tudo fora do lugar, tentando te chamar. Quebrei tudo o que me deu vontade de quebrar. Meu grito transformou-se em água que rolava descontroladamente pelo meu rosto. Queimei todos os livros. Daquele momento em diante não queria nenhuma palavra ao meu redor. Continuei minha busca. Fui ao banheiro, abri o armário, quebrei o espelho, me cortei e gritei de dor. Me senti viva. Tive desgosto dessa sensação.

O silêncio na madrugada me fazia mais solitária que nunca. E o choro agora era de dor. Muita dor. Eu estava procurando você. Desde que a vida expulsou você desse mundo, eu fico assim sem saber quem sou. Me torturando até os ossos, blasfemando friamente. Gritando seu nome. Chamando a morte de puta e querendo que ela me leve também, apesar de tudo, eu não consigo me deixar ir. Por isso eu te procuro em todos os lugares do nosso lar, tenho medo de esquecer teu rosto.

Separação brusca, estúpida. Castigo de Deus. Reprovação dos homens e alívio dos meus pais. Perdi os cabelos mais lindos, a pele mais macia que já havia se juntado a minha, perdi o amor que nunca mais terei e que antes nem havia conhecido. Se a condição pra te ter é sonhar infinitamente, que a vida me deixe agora dormir para todo o sempre. Se você me ama, vem me buscar, ainda essa noite.

domingo, 24 de outubro de 2010

A rotina dos que amam demais





“Eu bato o portão sem fazer alarde, eu levo a carteira de identidade, uma saideira, muita saudade e a leve impressão de que já vou tarde” Chico Buarque de Hollanda



A rotina dos que amam demais

Tô passando pra dizer que desisti. Não, por favor, não me diga pra tentar. Aqui, só eu fui capaz de amar, e agora, só eu sou capaz de dizer “adeus”. Não torne tudo mais difícil, porque esse foi um amor que você nunca soube que tive, eu nunca tive coragem de dizer, e esse momento em que a gente se afasta pra você não me causar esperanças, para mim, é idiota.

Eu te amo e independente do que você faça, com ou sem você esse sentimento estará dentro de mim, você acha que há lugar mais perto para esse amor ficar? Ah, por favor, não seja ridículo em dizer que eu sou muito boa pra você e que eu vou encontrar alguém melhor, não diga nada. Você falando fere mais, nem me olhe assim com esse ar de quem tem pena por não chegar ao mesmo nível de sentimento, quando eu embarquei nessa viagem suicida eu sabia de tudo.
Cada atitude sua, a partir de agora, vai ser calculada, você não vai ser o mesmo comigo, você vai pensar sempre naquela conversa em que eu te disse uma das coisas que mais te fizeram mal. Eu te disse do amor que eu sinto por você, te machucou, não é?
Fiz tudo errado, tudo poderia ser como sempre foi, eu te amando, você fingindo não ver, eu te querendo, você brincando comigo e eu fingindo não ver. Eu me odeio agora, te odeio um pouco também. Eu odeio o mundo por não ter conspirado e ter feito você me amar, me ligar, por mim, sonhar.
Eu preciso muito ir embora e perceber que eu perdi o jogo, eu tenho vergonha de olhar pra você, evite-me. Eu vou ser forte, não vou te ligar, não enviarei e-mail, nem vou perguntar como você está quando encontrar sua tia na farmácia. Ah, ela sabia de tudo e torcia muito por nós dois. Não me venha com essa de que foi o último a saber que eu deveria ter contado desde o início, quando você amar de verdade, vai lembrar dessa situação e vai desejar por um minuto perguntar a mim como reagir, mas aí vai ter o bom senso de que vai me magoar, e que deve medir todo tipo de conversa comigo, porque tudo aquilo que a gente tinha se quebrou quando eu te disse “eu te amo”, frase feia.

Sim, eu estou me preparando pra fase onde as pessoas vão me ter como exemplo e vão querer tomar atitude, só que vão lembrar que eu fracassei e vão ter mais pudor pra falar de amor a quem se ama. Só que eu queria saber o motivo de você não ficar comigo. Tá eu já sei que a gente não escolhe etc, etc, etc. Mas eu sou a pessoa que mais te ama ou já te amou na vida, eu passo o dia pensando em você, querendo de ter, pensando em te fazer bem e matar a quem de ti fala mal. Aí você dispensa meu amor, como quem rejeita um copo de suco na casa de um estranho. Eu fiz o que você é, e quando eu for embora você vai sentir falta. Não, eu não vou dar a volta por cima, nem vou querer um carinha pra te derrubar, eu só vou lembrar que eu te amo muito, ainda. E que você fez história em mim, que outros amores virão, mas que você foi o meu amor.
Desculpa por ter confundido as coisas, desculpa por ter estragado tudo com esse amor. Mas como seu coração não me escolheu, o meu foi mais rápido e fez a dele. A pressa foi a inimiga do meu amor. Usa esse tempo como uma borracha, eu queria poder pedir pra você não se achar em alguém, nem amar alguém, porque pros apaixonados não correspondidos, o outro vai acordar e cair em si, mas eu sei que você não está sonhando, nem dormindo, por isso eu digo: seja feliz. Eu vou fechar os olhos e vou seguir, não sei a direção, não sei nada, mas to indo. Tô indo sentir outro gosto, outro cheiro. Pare de fumar, pague as contas, lave sua roupa... Quer dizer, não sei mais o que dizer, esquece o que eu disse. Não esqueça, eu não me arrependo desse sentimento. Você não me ama, mas eu te amo e isso acabou com quem somos nesse momento. Desculpa. Adeus.

domingo, 10 de outubro de 2010

Femme



Eu entrei e comecei a ouvir gritos. O calor foi instantâneo. Abri um sorriso e sabia que ia gostar de tudo que poderia me acontecer, eu queria tudo. As luzes vermelhas me faziam mais bonita e tudo cheirava a pecado, desejo, língua. Era uma dança para o sexo. Batom, perfume, cabelo, pele. Tua boca me tomou e eu queria mais. Teu cheiro e tua mão me diziam o quão canalha tu eras.

As pessoas estavam lá, era um tipo de adoração ao prazer, ao momento em que os olhos se fecham, os arranhões surgem nas costas do outro e expiramos sem cessar. Era sujo, era bom. Mas eu não tinha pudor, você era silencioso, me levava à loucura, perdi minha cabeça. Corredores percorridos, bebidas entornadas, as luzes vermelhas dançavam, eu sorria.

não pensava em nada, eu queria diversão, eu queria mais de tudo. Encontrei outro que pudesse me fazer sentir medo, a minha liberdade sempre ofendeu os outros, eu queria provar mais de tudo e chocar mais, era um jogo, eu nunca perdia. Meu namorado, coitado, achava que eu estava na casa de uma tia no interior, meu lema era amor, sem contratos, sem amarras e um pouco de omissão.

Sussurros, meu amor escorria pela pele. Vários sentiram durante a noite, em litros, eu me derreter na emoção de ser do mundo, eu era mais eu, mais impura, mais feliz, eu não tinha barreiras, eu me amava e deixava que me amassem mais e mais. Entre pernas, calor e ausência de roupas eu me sentia completa. Eu sempre tinha uma ideia nova. Não tinha limites na noite, o ‘’p.m’’ me trazia a delícia de sentir o que os outros queriam, mas o receio não os permitia. Eu me libertava, eu sentia, eu gemia. Escolhi Rodrigo para brincar. O momento da escolha me fazia uma criança que escolhe o brinquedo na vitrine, tomei-o pela mão, era minha curtição daquela sexta.

Quatro paredes, uma cama que podia quebrar a qualquer instante e um homem para mim. Era uma briga coreografada, palavras chulas, risos altos, puxões de cabelo e corpos escorregadios. Sabia muito bem que horas depois eu estaria com nojo dele, que queria o meu bem, que estaria sozinha. O cheiro do cigarro no quarto me entediava. Eu só não sabia que minha noite não iria ser tão cansativa como eu previa. Dei a Rodrigo a dica ‘’nunca diga que isso nunca aconteceu’’, honestamente, tentar me convencer que era o ‘’fodão’’ me dava mais vontade de matá-lo. Irritava-me mais ainda. Olhei minha bolsa, abri-a procurei meu batom e meu blush, retoquei a maquiagem. Sempre guardo um vidro de perfume na bolsa, dessa vez o esqueci. Sacudi meu cabelo, bati a porta e sem nada dizer, ganhei novamente o que sempre julguei ser meu: o mundo.

terça-feira, 7 de setembro de 2010


Eu tenho vontade de gritar quando me deparo com a dureza da vida, mas aí neste momento vem a voz do meu Pai que diz: ‘’tudo passa’’. É, tudo bem, pode parecer um clichê, mas o clichê é o que dá certo. E, com certeza, tudo passa. Respiro, tenho uma imensa vontade de chorar, mas aí eu me sinto vazia, com as lágrimas me envolvendo, sinto-me pior e melhor ao mesmo tempo. Porque para o ser humano que está mal tudo que aponta ao próprio fracasso é bem-vindo. O ser humano se abre ao fracasso, na verdade, ele chama a decepção, como um voluntário para a vergonha do ego.

A sociedade te cobra do corte de cabelo ao namorado. Perceba que a preposição ‘’ao’’ carrega uma negatividade gigantesca, sabe o motivo? Eu já respondi no início: A sociedade. Mas e nós mesmos? Será o meu ‘’eu’’ o meu inferno? Meus pensamentos são traidores, eles ardem e me levam a paraísos inexistentes, me fazem ver em pessoas cheias de inferno o céu. Sou eu o meu ópio? É aterrorizante a capacidade de depositar nas mãos das pessoas a felicidade própria, e tomar pra si a realidade. Quando digo a ‘’felicidade’’ é porque temos a ideia de que ela é abstrata, que vai passar logo e que logo vem a ‘’realidade’’: a dureza do cotidiano, onde somos infelizes e esperamos o próximo golpe da vida.

Aí, você se depara com uma pessoa que diz : ‘’eu sou feliz’’. O que é felicidade? Dinheiro não traz felicidade? Mas quem sou eu para dizer isso? E quem sou eu para criticar alguém que ache o contrário? Quem eu sou para criticar a realidade de alguém? Depois de tamanha reflexão (ou não), quem se importa quando minha cabeça está indo pelos ares? Um dos sentimentos que mais me abalam é o do fracasso, não que eu esteja/seja, mas a sensação de ninguém poder te ajudar é horrível. Você pode estar lendo meu blog nesse momento e não estar entendendo nada. Agora imagine esse sentimento para uma vida. É o que estou sentindo. Basta! Preciso de um copo d’água.

sábado, 21 de agosto de 2010

Amar-elo



Se você quiser saber de verdade, eu vou dizer, na verdade minha mão não disse, porque ela insistiu em não te dar tchau. Mas está tudo bem, amor, você pode ir. Nós já conversamos sobre isso e decidimos que chegou a hora, seria melhor para os dois, afinal, nós sempre pensamos juntos, pensamos nos nós, nos dois, nessas vidas que eram nossas, que nos pertenciam, porém éramos um, você lembra disso?


Pois é, eu sei que daqui a pouco vai ser mais difícil, porque vai ser o momento em que eu ficarei no portão branco, seco pelo sol, e que faz aquele barulho ao abrir. Vai ser o momento em que quando o sol bater e eu sentir a ardência, vou apertar muito meus olhos, até quando as lágrimas e os cílios se fundirem, daí eu vou te ver pequeno, te ver passando pelo portão, pela minha vida e fazendo meu vestido amarelinho e florido balançar, sabe o motivo? Você é do tipo que tem pressa, passou tão rápido por mim que o vento soprou.


Hey, amor! Será que foi o vento que te levou? Sabe, amor, eu não estou sentindo o que deveria. Eu deveria estar chorando muito, tendo raiva de você, mas a saudade não está me deixando espaço para isso. A sua falta se faz tão presente quando passo pelo portão branco, e a casa está vazia, a casa já não é mais um lar, a casa está escura, porque você é o meu sol, minha luz, minha poesia, melodia, o meu amor. Eu não entendo, queria saber por que não consegui te dar tchau, talvez porque eu quero você aqui de novo, a gente tem que ser feliz de novo, feliz como sempre, você entende?
Querido, entenda também que isso de eu não estar sentindo nada é loucura, talvez eu tenha anulado a minha vida, claro como eu posso viver sem meu coração? Realmente, eu preciso viver, volte. Meu bem, como você não consegue enxergar e que ideia é essa de mudar a sua vida, sua vida sou eu, eu sou tua, esqueceu? Deixa disso, amor, vem logo! Vem que eu preciso trocar a lâmpada da sala de estar, volta que eu necessito de ouvir você cantando no chuveiro, era como se você competisse com a água. Quando você voltar prometo costurar sua camisa, e contar historinhas para você dormir, porque nosso amor é inventado, só a gente sabe o que acontece.


Reguemos então, meu amor, esse amor que nasce todos os dias, o tempo de colheita está vindo, Vida! Volte com a cesta da primavera, que o beijo está pronto para ser dado, mas retorne ao lar, amor, que meu lado está precisando da chama que sai de ti. Você, todo meu. Esse amor que é brisa, é lavanda, é flauta, é doce. Esse amor que é. Eu quero te ver, amor, passando pelo portão branco descascado pelo sol, olhando o lençol lavado no varal, e me abraçando, porque entre nós existem raízes, não há algemas, raízes porque é natural. Eu quero a paz verdadeira de novo em nosso canto, no brilho do amanhecer, no café. Abraça-me, amor, que nos teus braços eu quero sonhar, viver, renascer, e a cada dia por ti me apaixonar.

sábado, 14 de agosto de 2010

Uma vida, seus beijos



Beijas minha face com ar de ternura, fecho os olhos e sinto o cheiro da boca de outra na tua. Boca molhada, boca rosada e que não faz questão de esconder a alegria. O desejo de mais vem da palavra que sai da tua boca. Boca fresca, boca com água, com cor, com cheiro. Perdoou-te sem saberes que recebestes essa graça. Fecho os olhos e deixo que me beijes, porque te perdoei e te ter me faz abrir mão de qualquer exclusividade, regra e pedidos. Tu me beijas? Boca macia do sorriso largo, do medo, da vontade. Eu quero o teu sorriso no meu corpo. Não, eu não te culpo. Você sempre desperta depois. Sorria e me beije como quem come uma fruta suculenta. Apenas me beije, agora teu beijo é tudo que preciso, é vital.

domingo, 25 de julho de 2010

Ponto de ônibus


Normalmente, no ponto de ônibus, existe um só desejo: que o ônibus chegue logo. Mas, naquela manhã foi diferente para Raquel. Enquanto ela abria sua bolsa para pegar o mp3, e esquecer um pouco do mundo escutando suas músicas prediletas de rock, ela sentiu um cheiro de perfume masculino. Por segundos se manteve imóvel, lembrou-se apenas de ajeitar o cabelo e puxar a blusa, que por coincidência, era sua favorita. O medo de que o ônibus chegasse antes da sua coragem de olhar pra trás a consumia. Raquel num rápido movimento olhou para trás com um imenso desejo de saber quem era o dono do perfume que a deixava alucinada.

O coração de Raquel batia tão forte que ela começou a ter vergonha, parecia que todos podiam escutar. O rapaz alto, branco, com cabelos negros na altura do pescoço, carregava uma mochila nas costas e estava com fones de ouvido. Ele se abaixou para encolher a barra da calça, Raquel acompanhava todos os movimentos do moço. Quando ela ‘’acordou’’, sentiu muita vergonha , pois o rapaz já estava olhando-a também. Ele chegou mais perto. Ela não se moveu. Quando ela o olhava, ele virava o rosto. Quando ele a olhava, ela desviava o olhar para o chão. Ela pensava quais seriam os nomes mais prováveis para um rapaz tão bonito como ele.
Raquel percebeu que ele olhava o relógio a cada minuto. De repente, ele tirou o celular do bolso, olhou o visor e, chateado, atendeu ao telefone. Ela pôde sentir a impaciência dele, e pelo que ela conseguiu ouvir, ele estava esperando alguém. Ela meio triste, imaginou que seria a namorada dele. O cheiro do perfume era cada vez mais forte. Ela sentia que o moço estava cada vez mais perto. Sua boca começou a ficar seca, as mãos trêmulas, como se ele fosse falar com ela. Mas Raquel percebeu que ele passou por ela com um sorriso lindo, muito feliz, mas que não foi falar com ela. No momento ela ficou sem entender ou talvez não quisesse entender.

O rapaz alto, branco, com cabelos negros na altura do pescoço, na verdade estava esperando outro rapaz, que por sinal também era muito bonito. Ele era loiro, alto, mas usava uma calça jeans laranja muito justa. Tinha uma voz doce e um jeito leve de andar. Eles se abraçaram por vários minutos de um jeito diferente. Raquel balançou a cabeça querendo despertar. Mas era notória a troca de olhares, os sorrisos meio que sedutores entre os dois. Ela não era preconceituosa, mas pensava que eles eram duas grandes perdas para o mundo feminino.
Ela reparava nos dois e pensava que o loiro alto serviria para sua amiga Fernanda, sua melhor amiga. Raquel já tinha imaginado como sua mãe ficaria feliz ao ver o primeiro genro bonito. A mãe de Raquel dizia que Raquel só arrumava namorados feios. O ônibus chegou. Raquel sentou na última cadeira do lado esquerdo. Riu de si mesma. E pensou em um motivo para aquele ônibus sempre demorar tanto a passar.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Livramento


Nada está como antes. Agora estou no vazio da cama fria, bagunçada, segurando um pedaço de pano que me ajuda a abafar os soluços de um choro bastante doloroso. Aquele tipo de choro que a gente tem que respirar fundo pra ter forças e chorar mais uma vez. É também um choro de alívio, pode apostar. Nada é como antes. No lugar do teu abraço, tenho um leve empurrão. No lugar do sussurro feliz, um grito que me assusta. No lugar das felizes ligações, telefone desligado. Digo que tudo vai passar, eu vou cuidar de mim e dar a volta por cima, como toda mulher almeja: ficar linda, namorar um deus do olimpo e passar na frente do ex. Desejo muito fazer isso com você, mas como você diz eu não sou de nada. Pode ser, me tornei ‘’nada’’ ao te conhecer, aliás, maldita, hora, lugar e amiga que me apresentou a você. Eu estava tão bem. Terminei me apaixonando e tendo que aguentar a tua mãe, e se você quer saber, eu engulo a sua mãe. Dá palpite em tudo e eu tenho que ficar calada, você sempre fica ao lado dela, pra variar. Mas você se lembra de ter ficado ao meu lado? ‘’Eu não existo longe de você’’ odeio essa frase. Na verdade, ‘’Eu não existo perto de você’’, abri mão da minha vida, você entende? Eu nasci uma vez, tenho uma vida, e desperdiço com você por obra do destino. Nessa sua história de tempos você nunca mudou. É não existe conto de fadas, eu deveria saber disso antes de te conhecer. Qual a parte do ‘’CONTO de fadas’’ eu não entendi? Eu sonhei tanto com o meu futuro, mas tanto. Aí vem você, sabia que você é o meu filme de terror? Você é um lixo, como eu me apaixonei por você, me explica porque não consigo, hoje, raciocinar com clareza. Mas a história acaba de mudar de figura: vai embora. Eu te odeio como nunca odiei ninguém, porque eu quero que você saiba ‘’como é grande o meu ódio por você...’’ As músicas automaticamente ficam assim quando escuto-as, você virou meu mundo de cabeça pra baixo e não do jeito que almejava. Bem que no dia que eu disse ‘’sim’’ naquele santo altar, um anjo poderia ter batido na minha cara, talvez eu acordasse colocasse a mão no rosto e percebesse a besteira que tinha acabado de fazer, seguraria a calda daquela porcaria de vestido e sairia correndo, louca e feliz. Feliz, depois que eu disse ‘’sim’’ a você, não sei mais o que é ser feliz. Suas malas estão feitas, vá embora e não volte nunca mais. Eu não serei hipócrita em dizer que não sentirei falta. Só quero que saiba que o ser humano é único ser capaz de acostumar-se facilmente às circunstâncias, então eu sentirei falta claro, me acostumei a ter um mendigo dentro de casa, sinceramente, eu tinha ódio do seu cheiro e da sua roupa quando chegava do trabalho, parecia que nunca havia comido, e eu dizia ‘’você parece que vive pra comer e não come pra viver’’. Eu estou gritando como quando uma criança ganha um brinquedo que há tempos queria, finalmente, você vai sair da minha vida, adeus, pra nunca mais! E se você me vir com um homem por aí, não se assuste! É que dessa vez eu não quis ter um animal irracional ao meu lado. Te vira e me deixa ser a mulher linda e feliz que sou, em paz.

Por Thaywara Batista de Oliveira.

sábado, 26 de junho de 2010

17 anos


Depois da festa, passeamos pelas ruas da cidade. Eu havia bebido um pouco e a noite me dava esperança, na verdade, a esperança surgia quando eu estava com ele. Meu vestido longo tinha a cor do vinho que ele havia entornado no próprio smoking. Cantávamos alto a música que mais gostávamos, enquanto o vento gelado fazia o cabelo dele voar, voar e bagunçar.
O prédio dele se aproximava e minhas mãos estavam geladas, eu sentia a garganta ficar gelada também, o estômago totalmente embrulhado e, às vezes, tudo parecia rodar, eu estava nervosa. A garagem do prédio estava vazia, o silêncio doía, eu sabia o que estava reservado para nós. Ele abriu a porta do carro, eu olhei para meus trêmulos joelhos. Quando estamos nervosos arrumamos algo para olhar, pensar, e ficar ali por um longo período de tempo ou mexemos em algo desnecessário para o momento. Eu fiz isso. O meu sapato, que só usava em ocasiões especiais, brilhava como nunca, aquele brilho foi um refúgio, até que Ele me chamou. Num impulso abri a porta do carro e peguei minha bolsa de mão. Ele fechou o carro e subimos.
Tropecei ao subir no elevador, típico do meu jeito. Ele sorriu e me abraçou, comentou que eu estava gelada, eu sorri. Ele sabia o motivo. Chegamos. A porta branca do apartamento se abriu, ele entrou, colocou a carteira e a chave do carro em cima da mesinha de vidro. Eu fechei a porta, tranquei-a. Tirei os meus sapatos e coloquei ao lado do sofá. Ele abriu a geladeira e pegou água, já havia tirado o smoking. Cruzei as pernas e senti um calor imenso. Levantei e fui abrir a janela, os carros de lá de cima pareciam vaga-lumes em fila indiana. De repente ele já havia me abraçado, fechei os olhos e tive medo. Sim, eu o amava, mas era o meu corpo sendo entregue a outro corpo. Meu corpo nunca tocado, nunca descoberto em baixo de lençóis e desejos. Mas eu sempre fui decidida, eu sabia que ia acontecer em algo momento. Não hesitei.
Tensa, eu estava tensa. Ele me levou para o quarto, me segurou pela mão, acariciou meu rosto, sentou-me na cama, arrumada e limpa, cheirava a lavanda. Disse que me amava, eu sorri. Tirou um papel do bolso, o papel tinha sido dobrado várias vezes para caber no bolso. Ele leu para mim: “... eu quero mais é me abrir e que essa vida entre assim como se fosse o sol desvirginando a madrugada, quero sentir a dor dessa manhã nascendo, rompendo, rasgando, tomando meu corpo. E então, eu chorando, sofrendo, gostando, adorando, gritando feito louca, alucinada e criança, sentindo meu amor se derramando, não dá mais pra segurar, explode coração”. Ele disse “é Bethânia”. Ele sabia que eu adorava a Bethânia. As lágrimas rolavam em meu rosto como uma resposta, como se eu soubesse mesmo que estava pronta, não havia mais o que temer de evitar Ele era mesmo o homem da minha vida, com quem eu queria ir além do horizonte, aprender a voar.
Continuei sentada enquanto sentia-o tirar as alças do meu vestido, quando a alça esquerda caiu ele acompanhou a alça e pegou minha mão, beijou-a e tirou o meu vestido. Deitei. A cama agora virava uma plataforma, como seu eu fosse viajar para um lugar distante. Fogo, de verdade, eu senti o queimar quando ele deito em cima do meu corpo. Beijava meu pescoço, acariciava minha pele, arrumava meus cabelos, falava eu te amo. Eu já estava segura e retribuía todo o amor que ele estava me proporcionando. A barba dele arranhava minhas costas, e nossos pés queriam se unir de qualquer jeito. Eu suava, o beijava, o sentia. Até que numa rapidez, num calor, num amor ele me fez mulher, eu vi além do horizonte, eu voei, eu amei. O corpo dele pesava sobre o meu e eu queria mais, eu chamava por Ele, eu queria ele mais e mais em mim. Era bom, era bonito, às vezes sujo, mas não era sexo, era amor sendo testado pela cama, pelo chão, pelo banho, pela plataforma dos sonhos, era a minha primeira viagem e ao lado do homem que eu amava.
Meu cabelo estava molhado, meu corpo em chamas e minha respiração começava a voltar ao normal. E eu chorei, na verdade, acho que eu sorri e meus olhos queriam de alguma forma mostrar, ao seu modo, a alegria que sentiam. Eu fui feliz naquela noite, foi o amor perfeito. Ele me abraçou e beijou minha testa, eu deitei em seu peito e disse “o sonho alegria me dá nele você está”. Ele disse “é Bethânia”. Eu disse eu te amo. Ele disse que eu era o sonho e o amor da vida dele. Ficamos em silêncio, realizados. Eu sabia que não era só a primeira vez, ele viajou pela primeira vez também. Felizmente, o amor nos ensinou.

Por Thaywara Oliveira.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

As reticências da vida.



Entender que acabou. Que as migalhas não estão no chão, que é melhor você ir embora, porque esse não é mais o seu lugar. Pare de lembrar-se dos beijos, e tudo que te remete à dor, não vai ajudar em nada. Fazer-se de coitado também não, esse rosto, esse jeito de quem perdeu não está te fazendo melhor, está te fazendo coitado. O amor está dilacerado, não é como antigamente: o amor tinha mais sorriso, melodia, cheiro e suavidade. Hoje ele vem com lágrimas, gritos, raiva. Fartou-se o amor, deu-se lugar ao medo de ficar sozinho e se encarar perante o fim do amor.
Não mais andar de mãos dadas, acariciando os dedos do bem-querer, nem esperar o riso que só entre nós havia a compreensão, se foi a sintonia dos pensamentos e as intimidades de um almoço de domingo, foi bom. Respirar o ar do novo e da vontade de fazer algo bom de novo, porque voltar não vai resolver, a estrada é longa e, às vezes, é necessário seguir só, deixar quem se ama ir, será que restou amor?
Pegar um papel em branco e escrever o novo roteiro da vida, um recomeço que sempre se espera, no fundo é sabido que o “pra sempre” não existe, “existe enquanto dura”. Se durou, existiu, fiquemos felizes por isso, existiu. Brindemos ao destino, ele nos leva à novas histórias, faça sua nova história, lavará tua alma e te dará novo rumo, alegria e vontade de viver. Somos auto-suficientes de sentimentos: quando ficamos tristes não há palavra amiga que te ponha de pé, quem te coloca é o teu próprio pensamento.
Dizer-te coisas lindas e tentar trazer-te de volta, só faria com que nos machucássemos mais, se é que seria possível. Mas eu descobri que posso dizer e fazer coisas lindas para uma pessoa que precisa muito de mim, do meu amor e carinho: eu. Eu necessito de mim, bem ou mal, triste ou feliz, não quero dizer que me basto, mas quero dizer que eu preciso valorizar o meu eu, e dar a mim a mesma importância que dei a você durante esse tempo todo. Eu não consigo concluir esse texto porque sempre chego ao ponto: isso tudo é um exercício da vida, em especial, a minha vida...

quinta-feira, 17 de junho de 2010


Rua da amargura, sem número, sem lares, sem datas.

Zeus,

Há quem diga que o bom poeta é aquele que escreve o que nunca sentiu. Sim, escrever assim é lindo, magicamente as palavras aparecem no papel: tinta- forma- letra- sentimento, que não há, pelo menos naquele momento. Eu serei aqui como poetas mal-sucedidos, porque eu vou falar do que no meu peito aflora, é a fome de escrever e de expor de forma bela o que de mais lindo se faz real, nesse instante: é o amor.

É o amor de Eros, amor das Graças, amor de Afrodite, é o meu amor por você, meu amor. É como voltar ao lar depois de alguns dias não muito agradáveis, é como num dia de chuva e frio ficar debaixo do edredom e sentir-se bem. Matar e morrer por ti está em minha natureza, procuro-te em todos os lugares, porque és meu. Eu preciso que entendas que tudo que fiz foi por amor, só sinto-me completa ao teu lado.

Ah, meu amor! Você me traz as sensações da grandeza da paixão, quando acaricia meu rosto e me olha de um jeito tão seu. Quando canta, o meu deus do Olimpo em sua alta majestade. Pensar em ti é jogar fora as minhas noites de sono, é sentir frio e calor ardente ao mesmo tempo, como é possível? És belo para mim e formoso, o jeito sereno de sempre, você me conquista a cada palavra e eu me apaixono por você todo dia.

As palavras fogem quando quero falar de ti, mas o destino te traz para mim, sempre. Não adianta a fuga, não adianta promessas, o certo é ficarmos juntos, o teu lado é meu, quantas vezes e por quantos teremos que passar para entender que nos pertencemos, que não tem jeito?

É uma história que eu nunca sei pra onde vai me levar, eu tenho medo do que possa nos acontecer, parece que andamos em círculos e voltamos sempre ao mesmo lugar, pena que nas voltas acabamos ficando tontos e caímos em direções contrárias. Eu te perco, você me perde e tudo volta à estaca zero, eu sem você. Esperando-te. Idealizando-te e pensando que você não é pra mim. E tu beijando e abraçando pessoas que pertencem a outros destinos, personagens de outras histórias substituindo o protagonista da minha história de amor, você...

É Zeus! Mas eu cansei de ficar te esperando à noite, sabendo que você me trai com mortais e deusas. Mas eu sou a deusa das mulheres casadas, preciso dar um jeito na nossa vida. Suas roupas estão na mala ao lado da cama, pegue tudo e não deixe a toalha molhada em cima da cama, apesar de todo meu amor e ciúme, eu odeio sua barba mal feita, e seu cheiro de vinho. Mas entenda, meu amor, tudo o que faço é por amor, por que essa é a escolha que tenho para não te matar...


Hera.

sábado, 15 de maio de 2010

Doce


Certamente rir seria uma tarefa na qual eu faria às vezes, porque ao seu lado eu faço sempre. É impossível eu te dizer como nasceu esse sentimento, foi do nada, ao mesmo tempo cultivado, na verdade, é cultivado... Brigas, que não são poucas, tapas, caras feias, olhos brilhando, beijos, abraços, apertos de mão (entre outros de tipos), piadas sem graça, rindo dos outros, rindo de nós mesmos, são coisas que deixam a rotina da gente, e dos que estão ao nosso lado, mais doce. Deixar-te partir seja pra onde for me faria sofrer tanto, porque eu me entrego muito numa amizade e você virou um pedaço de mim, você está no meu coração e não sai, não sai nunca mais.

Ah, quantos “eu te amo” a gente diz por semana, nossa amizade cresce a cada dia numa porcentagem muito alta, incontrolável! Um ajudando o outro, dando conselhos, instinto maternal e paternal às vezes aflora... Eu quero sempre o seu bem, eu quero te ver feliz, quando você fica triste dói em mim, ligação, sintonia, harmonia, use pra isso a palavra que você quiser, mas use amor pra falar da nossa amizade. Por que... when u told me to speak: do u want to eat? In, on and at. Quantas coisas a gente cria, maturidade mil! Sim, somos maduros para entender que nossa amizade tem/deve/será/é eterna. É ter no coração um amigo como você, meu melhor amigo...

C12H22O11, glicose, sacarose, açúcar, doce, Thay, Felipe, amizade, carinho, amor, lealdade, sinceridade, ajuda. Eu poderia passar o dia escrevendo aqui, mas eu dedico essa postagem à nossa amizade que me faz tão bem. Unidos num para sempre/forever/ pour toujours em qualquer momento: problemas, alegrias, tristezas, mas que estejamos assim, sempre juntos. Você, sem dúvida, foi um presente. Te amo.

sexta-feira, 30 de abril de 2010


Dor de amor é como sentir uma mão arrancando o coração lentamente, que dá para sentir cada momento. Pior quando você não pode gritar, tem que se manter ali firme e forte, não se pode dizer nada! Dói tanto que escrever aqui está sendo um martírio já que “recordar é viver”. Não podes chorar, as pessoas vão perguntar e você não quer dizer o motivo, não é? A dor inicia-se nos olhos, podes ver quem tu amas, podes até tocar, mas o coração é, por diversas vezes, intocável, inacessível. Algumas pessoas têm a vida amorosa como um grande labirinto: vive lá por anos, passa por diversas vezes no mesmo lugar, porém em fase diferentes, mas de lá não sai. É eu não as condeno, em matéria de amor é onde o ser humano consegue fazer o que chega à margem da vida, da sanidade, da sociedade, é amor, está explicado. Amor não tem explicação? “O que não tem remédio remediado está”. Resposta dada. Eu escrevo aqui quase que com sangue, é dor, é puro sentimento, eu estou dilacerada. Mas isso não influirá na sua vida, quer dizer você pode perguntar: por quem ela chora? Isso será um mistério. Nem eu sei, verdadeiramente, quem ele é. Tenho medo de saber.

domingo, 25 de abril de 2010

eu me amo (L)


“Há tanto tempo eu vinha me procurando
Quanto tempo faz, já nem lembro mais
Sempre correndo atrás de mim feito um louco
Tentando sair desse meu sufoco
Eu era tudo que eu podia querer
Era tão simples e eu custei pra aprender
Daqui pra frente nova vida eu terei
Sempre a meu lado bem feliz eu serei”


A gente passa os dias, as horas, os minutos querendo achar alguém especial,
Alguém para escrever, alguém para chamar de seu, para amar, para nos deixar com borboletas na barriga, e (quase nunca) descobrimos que o reflexo que os espelho tem é muito importante, seja o espelho do nosso quarto, seja o da alma. Raramente paramos em frente a esses espelhos pra dizer “eu te amo”, melhor: “eu me amo”.


“Eu me amo, eu me amo
Não posso mais viver sem mim”


Estranha frase? Ah, egocentrismo? E o que há de errado em um pouco de egocentrismo, a gente diz “eu te amo” pras pessoas e nunca para nós mesmos. Seja egoísta, diga que se ama.


“Como foi bom eu ter aparecido
Nessa minha vida já um tanto sofrida
Já não sabia mais o que fazer
Pra eu gostar de mim, me aceitar assim
Eu que queria tanto ter alguém
Agora eu sei sem mim eu não sou ninguém
Longe de mim nada mais faz sentido
Pra toda vida eu quero estar comigo”



Sinceramente, amar muito o outro e não se amar, não adianta, anta! É simples, daqui pro final dessa postagem você vai entender que tem que se amar, sim do jeito que você é, por que não? Espinha na testa, quilinhos a mais, a menos, o boy te largou, a menina nem te olhou? Bee, olha nos meus olhos: se ame!

"Foi tão difícil pra eu me encontrar
É muito fácil um grande amor acabar, mas
Eu vou lutar por esse amor até o fim
Não vou mais deixar eu fugir de mim
Agora eu tenho uma razão pra viver
Agora eu posso até gostar de você
Completamente eu vou poder me entregar
É bem melhor você sabendo se amar"


É uma verdade, essa estrofe retrata o “corra atrás do seu amor”, DO SEU AMOR PRÓPRIO. Certa vez eu estava com minha mãe e comecei a rir, comecei a beijar meus braços repetidamente dizendo: eu me amo, eu me amo! Minha mãe caiu na gargalhada, mas ela nem pode falar nada, ela é leonina, já viu, né?
Bem, não vou dizer que tenho a auto-estima intacta, mas estou tentando/conseguindo, porque eu me amo. Se ame e seja um pouco (eu disse um pouco) egocêntrico, faz bem!


Eu me amo – Ultraje a rigor

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Literatura


Muitas vezes somos forçados a escrever, a produzir algo por algum tipo de cobrança, mas não seria melhor escrevermos apenas quando sentirmos um giro interno, uma motivação, a arte querendo manifestar-se? Se for diferente, talvez não seja literatura, talvez sejam palavras colocadas em lugares específicos e “calculadas”, mas acho que a literatura tem que ter puro sentimento, sim um pouco de dom ajuda, mas o sentimento é o que rege essa grande orquestra que é a literatura. Quantas obras lemos e nos maravilhamos nos doces mistérios que cabe a cada um entender como lhe convém. Porque não há fórmula para escrever um texto literário, não há estrutura, a arte se desenvolve de uma forma quase que sobrenatural.
A busca pela inspiração, pelo texto literário é grande, mas as pessoas esquecem que não se sabe, muitas vezes, de onde vêm as palavras, mas é importante saber que elas precisam atravessar a eternidade, intactas, porém com o mesmo impacto de sempre, porque as palavras não envelhecem, podem até se transformar, mas nunca perder o sentido. A literatura é assim: as palavras são tratadas como plantinhas que regamos, colocamos adubo, cuidamos para que floresçam e para que possamos colher bons frutos, caso contrário a plantinha morre e dali nada sai, assim são as palavras precisamos cultivá-las.

sábado, 6 de março de 2010

Você


Mas o amor é meu.
Mesmo que você não o queira,
essa parte ficará intacta,
ela é minha, só minha,
é o amor que há em mim, vem de você, e eu reflito todo pra você.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Espelho


Era inverno e sentia minhas orelhas geladas, meu nariz estava rosa e me olhar no espelho antes de ir ao trabalho era o que eu adorava fazer. Eu passava o dia vendo as pessoas nas ruas, praças, restaurantes e aquele momento pra mim era sagrado, era uma egoísmo saudável. O Heitor me ligou pela manhã marcando um jantar, era sábado e adorava sair com ele aos sábados, sentia uma energia muito boa na cidade. Ele marcou um jantar no meu restaurante francês predileto o L’ Alouette. Eu tinha certeza de que ele ia me pedir em casamento, estávamos naquele “passinho” há tanto tempo.

Passei a tarde no quarto escolhendo roupas, maquiagem, sapato etc. Mas eu sabia que havia algo errado, ele não era o mesmo ao telefone, “eu não fiz nada”, pensei. Eu estava apaixonada por Heitor, mas ele sempre dizia para que fôssemos com calma. Eu era muito bonita, vários homens me cercavam, faziam promessas, mas eu só tinha olhos para o Heitor, eu tinha certeza de que ele era o homem da minha vida. Cada encontro que eu tinha com ele, fosse especial ou não, fazia parecer meu mundo parecer conto de fadas, era tudo tão perfeito: eu tinha o amor da minha vida ao meu lado, todos os meus amigos o adoravam, ele tinha um bom emprego, e gostava de tudo o que eu fazia e me amava, claro.

Eu estava muito apaixonada pelo Heitor. Adorava acordar ao lado dele aos domingos e fazer o desjejum na cama, usando sua camisa azul e branca listrada, ele adorava quando eu penteava meu cabelo na sua frente, dizia que quando a escova deslizava o fazia lembrar de sua mão acariciando meu corpo em nossas lindas noites de amor. Heitor amava meu cheiro doce, dizia que o acalmava depois de uma semana tão agitada e que a alegria da vida dele era eu. Quando eu estava trabalhando na loja da Srª. Marie, ele sabia meu horário de almoço e sempre que podia chegava com uma surpresa, minhas amigas suspiravam. Eu estava loucamente apaixonada por Heitor.

“20h, o meu amor chegou!”, falei sozinha. Peguei meu casaco branco, fiz um jeitinho na franja, retoquei o batom, peguei as chaves e lá estava Heitor, encostado no carro, de costas para mim. Cheguei devagar e o abracei de surpresa. Ele me abraçou tão fortemente, parecia nunca ter me abraçado. Entramos no carro e o silêncio reinou. Eu sabia que algo estava acontecendo. Ele ligou o som e a música que ele colocou foi “Sexed up”, fiquei mais preocupada. Enfim chegamos ao restaurante, nosso nome reservado para a mesa “dez” – meu número predileto. Heitor tirou a cadeira e eu sentei.
Perguntou-me o que eu queria, sugeri um vinho branco, ele me acompanhou.

A cada dois minutos ele passava a mão na cabeça, pausadamente eu perguntei o que estava havendo. Ele gaguejou e eu sabia que quando isso acontecia era um sinal de que ele tinha feito algo errado. Certa vez eu encontrei uma liga de cabelo no carro dele, mas fiquei calada e deixei no mesmo canto, eu não queria causar uma briga. Heitor começou a dizer que eu não tinha ideia da dimensão do amor dele por mim, que é homem e tem desejos – comecei a mudar de feição – mas que um dia após o trabalho, levou a Marcelinha para casa, ela o seduziu e... Ele insistia me chamando de “amor”, eu disse que não me chamasse de amor. Marcela era uma ruiva muito bonita, mas muito atirada e eu sempre tive um pé atrás com ela.

Começamos a discutir, ele arrumou várias desculpas para consertar a burrada que fez. Enquanto ele falava comecei a perceber que eu me olhava tanto no espelho, mas não me enxergava de verdade, eu enxergava alguém que fosse perfeita pro Heitor. Meu mundo parou naquele momento, levantei da mesa, não fiz cena, não chorei em público, nem gritei. O frio estava me fazendo tremer. Heitor veio atrás de mim, mas fora do restaurante eu gritei, pedi para que ele me deixasse conhecer quem na verdade eu sou, sem ele. Talvez alguém melhor que o projeto perfeito que eu tinha feito para agradar “o Heitor”. Peguei um táxi e fui para casa. Tirei toda roupa e tomei um banho, um banho longo, queria que a água lavasse por fora, e quem sabe, por dentro.

Minha caixa postal estava lotada de mensagens do Heitor. Fiquei ouvindo todas as mensagens. Coloquei a música “Sexed up”, acendi um cigarro, abri uma vodka e pedi uma pizza. Enquanto ouvia as últimas mensagens do Heitor, transei loucamente com o entregador de pizza, ele era melhor que o Heitor, sem dúvidas.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Paixão


Coração salta, olhos brilham, vontade e amor chegam juntos. O cheiro aguça, a saliva esquenta, o gosto marca, a fala causa sensação, a presença fica de mãos-dadas com o desejo, eu quero você. Você me olha, o sorriso se abre – é como o céu que fica totalmente azul quando as nuvens cinza somem. Vais embora, o peito dói, ganha toneladas, fica escuro, sombrio, é como um terremoto, Uma ventania, uma bomba que a qualquer momento pode explodir. Quando ela explode é porque você voltou. Toco tua pele, percebo que é você minha escolha perfeita.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Festa temática da vida


Palmas, bravo! Parabéns aos hipócritas, insignificantes, que abrem os dentes e se dizem “amigos”! Fiquemos de pé, demos reverência às pessoas que fazem de tudo para saber da nossa vida e esperar uma magnífica oportunidade para colocar o pé para cairmos.

Queira fazer silêncio para receber as mais falsas capas do companheirismo, gente que só deseja o mal, mas se acha bonzinho, vive na fantasia de ser coitadinho, fazendo o próximo sofrer.

Sorria e engula a seco, aprenda a deixar pra lá, seja educado, finja não ligar, a sociedade move-se assim, acostume-se!

Ah, não! Eu não quero, eu não posso viver assim. Sou do tipo que quando faço amizade, prometo a mim mesmo, ser fiel e cumprir as promessas, mas a trapaça é da natureza humana e sempre tem os que se deixam levar por ela, claro.

Enfim, respire. Feche os olhos, acalme-se. Siga em frente e deixe o resto cuidar de si, é assim que funciona.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Dor


Solidão:

1. é o estado de quem se encontra ou se sente desacompanhado ou só.
2. é também um sentimento humano complexo e psicológico.


Não ser notado, ficar só, ninguém te ouvir, chorar por dentro, coração triturado. Chorar baixinho é o desabafo mais doloroso, a lágrima fica ácida, sai do coração e termina corroendo o rosto, desfaz o sorriso e mostra a dor. Não há mais o que escrever, o sentimento é indescritível, mas todo ser humano tem/teve esse momento.


“Eu não sei por onde foi, só resta eu me entregar, cansei de procurar o pouco que sobrou. Eu tinha algum amor, eu era bem melhor, mas tudo deu um nó. E a vida se perdeu... Se existe Deus em agonia, manda essa cavalaria que hoje a fé me abandonou”. Los Hermanos

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Desejando um sentimento


Simplicidade sofisticada é o que quero na vida. Andar nas ruas com a estética que eu quero pra mim. Cortar o cabelo bagunçá-lo na frente do espelho e refletir um sorriso bobo. Usar vestidos soltos, shorts curtos, calça jeans e um converse. Cada dia ser uma, mas sempre a mesma. Ser feliz para mim! Sorrir para os outros com a felicidade verdadeira, me amar, acima de tudo. Só assim posso fazer tudo muito bem. Uma paz, uma doçura, é o que eu cultivo além das rosas e rimas.

Ter um estilo de vida só meu, sem cobranças. Cobrança, essa é uma palavra que estou tentando excluir do meu dia-a-dia. Porque eu confesso que sempre desejei (quase que cobrando do destino) um amor verdadeiro. A primeira coisa que escrevi esse ano foi: “eu estou nem aí pro amor”, pode parecer bastante radical, mas o amor que me refiro é o idealizado e eu não quero nada combinado, eu quero que flua na paz. Eu quero paz, apenas. Ser feliz cada minuto. Felicidade é a palavra que eu estou mais desejando, falando, escrevendo e praticando. Dizer e mostrar todos os dias de uma forma direta: “eu sou feliz”.