Estranhos que visitaram

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Decreto.

Arg! Que raiva dessa fantasia! Pode parar pele de ficar se arrepiando, pode parar cabeça de ficar viajando. Eu não quero esse tipo de coisa. Isso me irrita, isso vai me machucar. Sinto informar: isso não existe! Ele não é o que eu sonhei, nem eu sou o que ele sonha. Eu estou lúcida, estou aqui sozinha, por isso, acho melhor ligar e acabar com essa palhaçada por telefone mesmo. Melhor para mim, claro, com a vida que eu levo, preciso selecionar bem os problemas que vou ter que enfrentar. E, definitivamente, eu não tenho forças para lutar contra o amor, por isso, tô correndo. Vai ser o papinho de sempre, o lero-lero que deixa dúvidas, mas dá certo. Vou dizer que podemos ser amigos, mas não agora, daqui a dois meses ou nunca mais, quem sabe? Eu gosto do sereno, ele é um carnaval. Não vai dar certo nunca. E eu não tô preparada para o vício do amor, todo vício machuca e todo viciado insiste em correr atrás. Tô ficando sozinha. É, pra ele, eu sou covarde. Não quero arriscar, não quero aventuras, nem quero ficar com ele. Quero, assumo. Mas a paz de uma vida cômoda me faz deixá-lo ir. Não quero julgamento. A vida é minha, posso me arrepender, mas nem só de amor viver uma mulher. Morri.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Murilo.



Planos mirabolantes, hipóteses idiotas. Eu quero saber se você ta na minha, se eu to fantasiando, se é brincadeira, se você vai se entregar. Quanto a mim? Puff! Já mergulhei. Olha, é muito simples. Eu só quero que você me ligue, que diga que sente saudades.

Que quando a gente tiver na rua, você pegue na minha mão daquele jeito que só os casais que se amam de verdade sabem fazer. Aí, eu vou te olhar com os olhos mais felizes e sorridentes que sei lançar.

Nesse tempo que o amor guarda pra gente, eu vou dizer que a lua é tua, na verdade, tudo será teu. Adivinha quem é o dono do meu coração? Arrume um jeito sutil para que eu saiba que você escolheu uma música pra gente, e me ensina a ter a tua calma.

Guardei todos os bilhetes e, no momento certo, vou te dizer as três palavras que raramente reproduzi, mas que constantemente me vem na cabeça quando eu te vejo. Calma... Vou terminar de escrever, mas é que eu tô pensando tanto em você e isso é sagrado.

Preciso parar o que eu estou fazendo, abrir a boca com um sorriso besta, olhar pra longe e me dirigir aos momentos lindos. A satisfação que eu sinto quando eu tô com você é impagável, eu vou contar e cantar isso, sempre! Meu Deus, você é lindo.

É lindo quando fala, quando sorri, quando canta errado o seu inglês dos tempos de colégio, quando escreve faltando um r. A mais bela obra, me sinto sortuda por poder pensar que você pode ser meu. Eu sei que vai.

Tô aqui passando o tempo, tentando colocar em palavras aquela sensação de chocolate, frio, calor, flores, perfume, cócegas e alegria escandalosa que o amor proporciona. Isso é impossível, eu sei. Quando, estou quieta, vem um lapso e me lembra teu nome: e toda a agonia recomeça. Que essa agonia nunca me abandone.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Pas sans toi



Acordei no meio da madrugada num pulo que tirou meu coração do lugar, ele foi para a garganta, com certeza. Tirei toda a roupa das gavetas, rasguei meus livros, quebrei porta-retratos, levantei o colchão, limpei o suor da minha testa. Ofeguei, ofeguei e voltei à procura. Fui seguindo o cheiro, havia bem pouco ali, mas eu podia sentir o cheiro do que eu procurava.

Quebrei a TV, liguei todas as luzes e abri todas as torneiras. Acendi o fogão, fiz tudo funcionar, coloquei tudo fora do lugar, tentando te chamar. Quebrei tudo o que me deu vontade de quebrar. Meu grito transformou-se em água que rolava descontroladamente pelo meu rosto. Queimei todos os livros. Daquele momento em diante não queria nenhuma palavra ao meu redor. Continuei minha busca. Fui ao banheiro, abri o armário, quebrei o espelho, me cortei e gritei de dor. Me senti viva. Tive desgosto dessa sensação.

O silêncio na madrugada me fazia mais solitária que nunca. E o choro agora era de dor. Muita dor. Eu estava procurando você. Desde que a vida expulsou você desse mundo, eu fico assim sem saber quem sou. Me torturando até os ossos, blasfemando friamente. Gritando seu nome. Chamando a morte de puta e querendo que ela me leve também, apesar de tudo, eu não consigo me deixar ir. Por isso eu te procuro em todos os lugares do nosso lar, tenho medo de esquecer teu rosto.

Separação brusca, estúpida. Castigo de Deus. Reprovação dos homens e alívio dos meus pais. Perdi os cabelos mais lindos, a pele mais macia que já havia se juntado a minha, perdi o amor que nunca mais terei e que antes nem havia conhecido. Se a condição pra te ter é sonhar infinitamente, que a vida me deixe agora dormir para todo o sempre. Se você me ama, vem me buscar, ainda essa noite.