Estranhos que visitaram

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Oito horas de angústia




Momentos efusivos, bebidas, gritos. Abraços, beijos e muitos “eu te amo” reproduzidos. Volta pra casa e sente o vazio tomando conta do seu ser. Resolve ligar para algum amigo, mas sabe que nunca podem ajudar, sempre ganha uma resposta que pode piorar a situação. Chora, chora e soluça. Um vazio, uma dor, uma raiva, uma solidão, começa a lhe consumir. Mas sabe que não há saída além de esperar aquele momento comum passar. É só uma questão de tempo para o ciclo se repetir. A cada saída jura que ganha ainda mais confiança, mas é tudo mentira.

Quando a cama, começa a ficar quente e o travesseiro começa a umedecer, levanta, olha-se no espelho e não se reconhece. Passa a mão pelos cabelos molhados pelas lágrimas e o rosto amassado pelas longas horas de repouso forçado.

É uma busca eterna pela satisfação sentimental. Nunca fora feliz por inteiro no amor, suas amizades lhe ajudavam a ir ao chão e fazia de tudo para agradá-los. Maços de cigarro que terminavam num cinzeiro azul. Olhar para o cinzeiro enquanto tragava era como se pudessem reorganizar as idéias embaralhadas pelo pranto.

Um banho. Talvez ajudasse a tirar do corpo a mazela da noite passada e mais uma vez pensa em afastar-se. Não via motivos em continuar na mutilação voluntária de seus sentimentos, não precisava disso. A vingança era a primeira coisa que vinha à cabeça, depois de passar as mãos tirando o xampu, debaixo da ducha fria. Enquanto esfregava as costas, lembrava das noites loucas ao lado de garotas desconhecidas.

Lembrara da única que deixou adormecer por diversas vezes em seu ombro, mas sabia que ela já encontrara outro ombro que a confortasse, sabia que ela não aguentara tanta energia negativa numa única pessoa . Numa coragem repentina, pega o telefone e tenta falar com a mulher que conseguiu amar.

Não sabe se seria pior que ela não atendesse ou como ela o atendeu: friamente, parecia estar louca para que aquela ligação chegasse ao fim. Olhara para a mesa e achara entre as bebidas, cigarros e restos de comida, a chave do carro. Ligou o som na altura máxima e quando deu por si, já estava numa estrada desconhecida, regado a lágrimas e desabafara ouvindo as canções de Chico Buarque.

Não queria mais aquela vida, gritava, chorava como uma criança, quando percebeu que sua hora de partir para um lugar que talvez lhe fosse mais confortável, só não queria cair mais e mais. O carro já não respondia seus comandos, um filme de sua vida começou a passar diante os olhos e tudo começou a ficar com mais velocidade, o suor era mais salgado que o normal, o calor era de marte e gritou.

Suado, sentou-se na cama, atordoado. Aliviou-se ao olhar ao lado e perceber que a amada estava ao lado, que estava tudo em ordem e só precisava levantar-se para mais um dia de trabalho e que o único lugar que por muitas vezes caiu, foi no campinho de futebol jogando ao lado de seu filho.

2 comentários:

Phelippe R. disse...

Gostei da foto!

Kárcio Oliveira disse...

Kkk eu pensei que o cara ia se matar, muito bom visse rsrs